Zeca Honorato, presidente da ARP - Associação Riograndense de Propaganda
A publicidade quase sempre esteve associada à inovação. Sempre nos vendemos como homens e mulheres de vanguarda que emprestam para as marcas nossos talentos de "pescadores" de tendências. Outros segmentos se acostumaram a nos enxergar como mentes inquietas, descoladas e em constante mutação.
A verdade é que pouco mudamos desde o início de nosso negócio. Apenas evoluímos, introduzimos novas tecnologias e aperfeiçoamos técnicas recorrentes. Ruptura estamos vivenciando pela primeira vez agora. Muitos estão se sentindo "sem chão" e, portanto, estão preocupadíssimos e aborrecidos com o "andar da carruagem". Outros, estão livres para voar justamente porque estão "sem chão", sem apego ao passado, sem vícios referenciais. É tudo uma questão de olhar.
O fato é que o mundo mudou. Mudaram as relações de consumo, os ideais de vida e carreira, mudaram as relações de trabalho, até a visão de gênero sexual não é, nem de longe, a mesma de anos atrás. Neste admirável mundo novo, sobram perguntas e faltam respostas. Mas uma coisa é certa: ficou mais complexo fazer o que fazemos desde o final do século retrasado.
As agências de propaganda estão investindo em conteúdo não publicitário. As marcas estão dialogando com seus públicos 24 horas por dia. Os profissionais estão cada vez mais ecléticos. Neste cenário de novidades, a palavra do momento é desapego, e a moda da vez é de ser disruptivo. Romper com o comum sempre foi a bandeira de nosso mercado. Agora, precisamos romper com nós mesmos e com a imagem que criamos.
Fazer publicidade continua fascinante. As marcas jamais vão poder abrir mão de nosso talento para vencerem. Mas é preciso entender uma coisa de uma vez por todas: mudou o briefing do mundo.