Reinaldo Gabardo, engenheiro e consultorde empresas
Há 104 anos, em 19 de outubro de 1913, nascia Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes. Sim, Vinitius, pois seu pai era apaixonado pelo latim. Apenas aos 9 anos de idade, é registrado como Vinicius de Moraes. Coincidentemente, 48 anos depois, no mesmo dia e hora, nascia eu. Libriano, poeta, dramaturgo, jornalista, cantor, compositor e diplomata em Los Angeles, Paris e Roma. Com apenas 17 anos, e seguindo o caminho natural de muitos jovens que aspiravam às Letras, entra na Faculdade de Direito no Rio de Janeiro. Lá, conhece um grupo de intelectuais que marcaria definitivamente sua vida. Casou-se nove vezes e teve quatro filhas e um filho.
Personagem ímpar, apreciador do cigarro, do uísque e da boemia, foi certamente um dos maiores impulsionadores da indústria da beleza, quando, em 1959, publicou a poesia Receita de Mulher a qual abria com a frase: "As muito feias que me perdoem, mas a beleza é fundamental".
Compôs, em parceria com Tom Jobim, a pérola Garota de Ipanema, que foi a música mais tocada e regravada entre os anos de 2008 e 2012. Garota de Ipanema é considerada a segunda música mais tocada no mundo, perdendo apenas para Yesterday, dos Beatles.
Acredite se quiser, existem mais de 170 versões de Garota de Ipanema, cujo nome original era Menina que Passa.
Vinicius de Moraes foi um poeta rodeado de amizades duradouras, certamente contestaria hoje a tese do sociólogo polonês Zygmunt Bauman que afirma: "Vivemos em tempos líquidos, nada é para durar".
A amizade foi tema de muitos de seus poemas, crônicas e músicas. Era um poeta que ficou conhecido tanto por criar sua obra a partir do afeto de suas mulheres, quanto pelo amor aos amigos em seus relacionamentos.
Conhecendo alguns de seus poemas, eu poderia simular uma breve entrevista perguntando a ele o seguinte:
Eu: Vinicius, qual a diferença entre amizade e amor?
Vinicius: "A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor,
eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"
Eu: Qual a importância de teus amigos em tua caminhada?
Vinicius: "Se um deles morrer, ficarei torto para um lado. Se todos morrerem, eu desabo! Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos e, principalmente, os que só desconfiam - ou talvez nunca vão saber - que são meus amigos!"
Eu: Vinicius, para encerrar, qual a receita para fazermos cada vez mais amigos?
Vinicius: "A gente não faz amigos, reconhece-os. "
Vinícius morreu no dia 9 de julho de 1980, aos 66 anos. Ao ser questionado por um repórter se ele estaria com medo da morte, o poeta magistralmente respondeu: "Não, meu filho. Eu não estou com medo da morte. Estou é com saudades da vida".
Cada amigo carrega sua marca. No mundo dos negócios, nenhuma marca caminha sozinha, elas se mostram em grupos. Cultive a vida, cultive os amigos, lembre Vinicius: "É melhor viver do que ser feliz".