Ariane Padilha, sócia consultora na Fator G - Gestão e Gente, Psicóloga especialista em Gestão de RH e Marketing, Esp. em Desenvolvimento da Resiliência
O atual cenário exige. Exige criatividade, inovação, transformação, adaptação. Exige tanto de nós quanto profissionais e também no aspecto pessoal. Por isso, precisamos mais do que nunca de resiliência. Esta capacidade que nos permite permanecer sãos em meio ao caos e enxergar, de maneira consciente, alternativas para atingir os melhores resultados e superar as dificuldades.
Entendemos por resiliência psicológica a competência ou a capacidade emocional de superar crises e aprender com elas, sendo capaz de realizar transformações a partir dessas situações. Ser ao mesmo tempo forte para enfrentá-las e flexível para se adaptar às novas situações impostas pela adversidade. É preciso adaptar-se rapidamente às profundas crises e transformações pelas quais estamos passando, gerenciando sentimentos como insegurança, estresse e medo.
E as empresas? Assim como um organismo vivo, recebem influências do ambiente interno e externo, e precisam potencializar seus recursos internos para reagir, adaptar-se e se transformar. Como as organizações têm reagido a esse cenário? Um novo modelo de gestão e uma nova cultura surgem para fortalecer organizações, proporcionar a adaptação positiva frente às mudanças, garantir a eficiência, a eficácia e a agilidade estratégica, e construir um futuro atingindo melhores resultados e mantendo as organizações competitivas no mercado.
A sobrevivência de uma organização, em um contexto no qual mudanças são constantes e, muitas vezes, imprevisíveis, sob uma crise econômica histórica e uma competitividade acirrada, requer um modelo de gestão que seja capaz de transpor de maneira mais rápida e ágil esses momentos. Um modelo de gestão resiliente surge "não como panaceia, mas como um remédio útil capaz de fazer uma empresa sobreviver" (Lobato).
A gestão resiliente requer uma mudança no pensamento e na cultura da empresa. Caracteriza-se por um modelo flexível (de hierarquia e estrutura), funcionando como uma rede, que compartilha liderança, dá autonomia às equipes, é participativa, adaptativa, cria o futuro, faz acontecer, é dinâmica e proativa. A flexibilidade é o que dá agilidade para a adaptação. Quanto mais rígida for a empresa, tanto na estrutura, na hierarquia, quanto em processos, lideranças, centralização, decisões, mais danos ela sofrerá. Aqui, cabe a comparação do bambu flexível (adaptável) ou do carvalho, que souberam se adaptar a cada tempestade e não quebraram.
Porém, esse modelo requer uma cultura que seja idealizadora, propicie a criatividade, proporcione o autodesenvolvimento e a autorrealização de todos os envolvidos no processo. Uma cultura na qual valores e ética se façam presentes, o coletivo em vez do individual, ações com propósitos internos e externos, abertura para comunicação autêntica, empatia, colaboração e aprendizado constante. Esta é a cultura que gera o engajamento necessário.
Por onde começa a transformação? Pela alta liderança que acredita que toda a crise/mudança é uma oportunidade de crescimento e está preparada para descentralizar e por lideranças que encorajam e valorizam o desenvolvimento das capacidades individuais e de grupo. Enfim, uma organização resiliente se faz com pessoas resilientes, uma equipe engajada e consciente, capaz de perceber e agir adequadamente frente às adversidades, buscando a superação sempre. E... acreditando!