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Energia

- Publicada em 02 de Maio de 2014 às 00:00

Consumo de luz cresce 6% no 1º trimestre


Jornal do Comércio
O consumo de energia elétrica no País cresceu 6% no primeiro trimestre, de acordo com levantamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A alta foi puxada pelo consumo residencial, com aumento de 10%, considerada a maior já registrada desde o início da pesquisa. Concentrada no Sudeste e Sul, a alta no consumo, associada à piora nos níveis de reservatórios, acendem um novo alerta para a crise energética do País. 

O consumo de energia elétrica no País cresceu 6% no primeiro trimestre, de acordo com levantamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A alta foi puxada pelo consumo residencial, com aumento de 10%, considerada a maior já registrada desde o início da pesquisa. Concentrada no Sudeste e Sul, a alta no consumo, associada à piora nos níveis de reservatórios, acendem um novo alerta para a crise energética do País. 

Nos três primeiros meses do ano, o consumo atingiu a marca de 121.922 gigawatts-hora (GWh). De acordo com o levantamento, nas residências, a alta foi de 10% no trimestre, em comparação com o mesmo período do ano passado. Já no comércio, 10,8%. “Esse resultado reflete o expressivo aumento do consumo verificado nos meses de janeiro e fevereiro, ocasionado pelo calor atípico nas regiões Sul e Sudeste”, informa a EPE.

O destaque ficou com a região Sul, que teve alta de 17,5% no consumo do trimestre. Já o Sudeste, que representa metade do consumo residencial do País, a alta foi de 7,8%. Nas demais regiões, juntas, o crescimento no período foi de 11,4%. Segundo o estudo, a forte alta também se deve a uma maior posse de aparelhos de ar-condicionado pelas famílias. O consumo médio doméstico no País ficou em 166 kWh, alta de 3,8% na comparação com março de 2013. 

“O mercado até esperava uma alta maior, mas já era esperado esse consumo elevado em função das temperaturas atípicas que tivemos”, avalia o consultor Walfredo Avila. Segundo ele, os primeiros indicadores de abril já demonstram uma normalização no consumo. “Ainda assim é uma preocupação, pois, apesar da queda das temperaturas, ainda não há chuvas para aliviar a situação dos reservatórios”, completa. 

Em março, o consumo no País subiu 4,6% em relação ao mesmo período do ano passado. A alta foi registrada em todos os segmentos, com destaque para a indústria, que começa a reverter os sinais de queda na produção, com alta no consumo de 1,3%. No acumulado do trimestre, o setor teve alta de 0,7%.

O crescimento no consumo industrial, segundo a EPE, retomou o patamar de dois anos atrás, com alta acumulada de 1,3% em 12 meses. “Já é possível observar que começam a cessar os efeitos estatísticos da redução das atividades da indústria eletrointensiva, notadamente a metalurgia do alumínio”, diz a Resenha Mensal de consumo, publicada pela instituição. Apesar da aparente melhora, a nota chama atenção de que ainda são sentidos os efeitos de redução da produção, em função de baixas no preço do produto no mercado internacional e também do alto custo da energia no País. 

Leilão A-0 atende a 60% da necessidade de energia de distribuidoras 

O leilão de energia A-0, realizado na manhã de quarta-feira pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e que durou 18 minutos, vendeu 100% dos 2.046 MW médios ofertados. Desse total, 1 MW médio foi proveniente da termelétrica São Borja, usina gaúcha que gera energia a partir da casca do arroz.

Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o certame renderá uma receita fixa de cerca de R$ 1,6 milhão para o complexo de São Borja em 2014. E, posteriormente, a cada ano, até 2019, a estrutura terá uma receita fixa de aproximadamente R$ 2,4 milhões. O montante total de energia do leilão foi equivalente a 60% dos 3,2 mil MW que as distribuidoras necessitavam para garantir o fornecimento mais barato ao País nos próximos cinco anos. O resultado foi visto com bons olhos pelo governo, que considerava um bom resultado se fosse oferecido 50% dos 3,3 mil MW. “Estamos bastante satisfeitos com o resultado”, afirmou o presidente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Luiz Eduardo Barata, que foi endossado por Marcio Zimmermann, secretário do Ministério de Minas e Energia.

Especialistas no setor acreditavam que a exigência de que a energia já estivesse disponível para as distribuidoras em 1 de maio restringiria a oferta a cerca de 1 mil MW, equivalente a pouco mais de 30% da necessidade das distribuidoras. O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, também se mostrou surpreso com o tamanho da oferta. “Houve uma adesão muito mais forte de vendedores do que se esperava, inclusive com a participação relativamente importante de agentes privados também”, comentou o dirigente.

O preço médio do MW comercializado no A-0 foi de R$ 268,00, pequeno deságio contra o preço teto que era de R$ 271,00 para a eletricidade gerada a partir de térmicas e R$ 262,00 para a das hidrelétricas. No total, considerando o período de fornecimento dessa energia pelos próximos cinco anos, o valor transacionado no leilão chegou a R$ 27,3 bilhões. Os representantes do governo, mais uma vez, não souberam projetar qual será o impacto desse leilão na conta de luz do brasileiro, embora Zimmermann tivesse garantido, na semana passada, que essa informação seria divulgada no dia do leilão A-0.

“É muito prematuro falar em impacto tarifário para o ano que vem. Não dá para fazer essa projeção”, afirmou o diretor da Aneel Romeu Rufino. A Petrobras entrou com 28,1% do ofertado: quatro térmicas movidas a gás natural da estatal ofertaram e venderam energia. No total, a estatal comercializou 574 MW médios a R$ 262,00 cada MW. As térmicas são Barbosa Lima Sobrinho (RJ), Euzébio Rocha (SP), Governador Leonel Brizola (RJ) e Luís Carlos Prestes (MS).

Os vendedores de hidreletricidade foram Eletronorte, Furnas, Quanta Geração, Tractebel, Votener, BTG Pactual, EDP e Itiquira. Além destas, a térmica movida a biomassa (queima de matéria orgânica) da São Borja também vendeu eletricidade no certame. De acordo com especialistas, as distribuidoras hoje precisam comprar no mercado livre, que negocia vendas à vista, cerca de 3,2 mil MW médios para entregar ao consumidor. Neste segmento, o preço do MW já chegou ao teto de R$ 822,00. Os analistas explicam que se trata de uma solução apenas provisória. Se a energia fica mais barata agora, subirá depois. Ou seja, o leilão de energia pode trazer um alívio para as empresas agora, mas vai significar preços mais altos até 2019, alertam. Em dois anos, afirmam os especialistas, o preço da energia no mercado livre deve voltar ao patamar normal, ou seja, algo em torno de R$ 130,00 a R$ 140,00 o MW. Assim, a energia vendida no leilão por um preço em torno de R$ 270,00 será bem mais cara do que o usual.

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