Tiago Lacassagne Mattos
CFO / Conselheiro Empresarial
Ao longo da minha trajetória, atuei em empresas em momentos críticos de sobrevivência e em ciclos de crescimento acelerado. Em um cenário, a prioridade era manter operações diante de restrições severas de caixa. No outro, o foco estava na expansão estratégica e na consolidação de estruturas sustentáveis.
Mais do que opostos, sobrevivência e crescimento são fases naturais do ciclo empresarial, exigindo competências específicas e sensibilidade ao contexto. Compartilho aqui reflexões sobre os desafios e aprendizados de cada fase, destacando o papel da governança, cultura organizacional e visão estratégica.
Sobrevivência: Gestão sob Pressão
Gerenciar sob sobrevivência exige resiliência. O foco é o curtíssimo prazo, com prioridade na liquidez, controle de custos e renegociação de compromissos. A escassez de recursos demanda criatividade, agilidade e priorização. Transparência e empatia são essenciais para manter a equipe engajada.
Aprendizados:
- Clareza sobre o essencial.
- Fortalecimento da liderança sob pressão.
- Desenvolvimento de competências adaptativas.
Os riscos incluem desgaste emocional, perda de talentos e limitação de investimentos. Ainda assim, a sobrevivência ensina que a solidez está na capacidade de reagir e manter a essência.
Crescimento: Gestão Estratégica e Expansão
Com mais recursos e mercado receptivo, surgem oportunidades de inovação e fortalecimento da marca. Porém, o crescimento acelerado pode gerar desorganização e fragilidade na governança. Planejamento estratégico, definição de metas e cultivo da cultura organizacional tornam-se cruciais.
Benefícios:
- Capacidade de investimento.
- Atração de talentos.
- Reconhecimento de mercado.
O excesso de confiança pode levar à negligência de controles e dispersão estratégica. Crescer com consistência exige equilíbrio entre ousadia e prudência.
Cuidados Essenciais
Na sobrevivência:
- Comunicação transparente.
- Foco na liquidez.
- Ações com impacto imediato.
- Preservação da cultura.
No crescimento:
- Planejamento disciplinado.
- Fortalecimento da governança.
- Investimento em pessoas.
- Gestão de riscos.
O líder deve equilibrar pragmatismo e visão de futuro, sabendo quando acelerar ou frear, preservar ou transformar.
Reflexões Pessoais
Essas vivências ampliaram minha visão sobre liderança. Em crises, a serenidade é tão importante quanto a técnica. Na expansão, disciplina e responsabilidade são fundamentais. A cultura organizacional mostrou-se um ativo invisível, mas poderoso. A governança, muitas vezes subestimada, revelou-se essencial para decisões sustentáveis.
Conclusão
Sobreviver e crescer são partes de um mesmo ciclo. Cada fase traz desafios e oportunidades únicas. Liderar com consistência exige fundamentos sólidos: governança, cultura, estratégia e adaptação. Que estas reflexões contribuam para decisões mais conscientes e empresas mais resilientes, humanas e preparadas para crescer — mesmo após grandes tempestades.