O volume de brasileiros com contas em atraso e registrados nos cadastros de devedores voltou a apresentar alta em abril. Segundo dados apurados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), houve um crescimento de 3,54% na quantidade de inadimplentes na comparação entre abril deste ano com o mesmo mês do ano passado, o que configura a sétima alta consecutiva na série histórica do indicador. Na comparação mensal, ou seja, na passagem de março para abril, sem ajuste sazonal, o indicador apresentou estabilidade, com uma variação de 0,04%.
Dados detalhados do indicador mostram que o crescimento da inadimplência nacional foi puxado pela Região Sudeste, cuja alta foi de 8,56% em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado. Esse crescimento se deve à revogação de uma lei no estado de São Paulo, que limitava o processo de registro de inadimplência. Com a derrubada da legislação, muitos dos atrasos que estavam represados foram inseridos na base de devedores de forma abrupta.
Na demais regiões, também foram observadas altas na quantidade de inadimplentes, mas de forma mais modesta: crescimento de 3,63% no Centro-Oeste, 3,37% no Nordeste, 3,34% no Norte e 1,86% no Sul.
O SPC Brasil e a CNDL estimam ainda que o Brasil encerrou o mês de abril com aproximadamente 62,2 milhões de brasileiros com alguma conta em atraso e com o CPF restrito para contratar crédito ou fazer compras parceladas - o que representa 41% da população adulta do País.
Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, os dados refletem o quadro de dificuldades econômicas que as famílias ainda enfrentam, apesar do fim da recessão. "O desemprego segue elevado e a renda reduzida. Mesmo com o fim da recessão e sinais mais evidentes de que o País está se recuperando da crise, os efeitos imediatos no bolso do consumidor ainda demoram a aparecer", explica.
Com a perspectiva de que a economia e o consumo irão se recuperar de forma lenta e gradual ao longo do próximo semestre, a economista do SPC Brasil avalia que a expectativa é de que a inadimplência se estabilize e pare crescer a taxas elevadas ao longo de 2018. "Com a retomada do ambiente econômico acontecendo de forma lenta, ainda demorará para termos um aumento expressivo do número de empregos e renda, fatores que impactam de forma positiva tanto no pagamento de pendências", afirma a economista.
O indicador também revela que a maior parte dos inadimplentes está na faixa dos 30 aos 39 anos. São aproximadamente 17,6 milhões de consumidores entre com contas sem pagar nessa faixa etária. Em segundo lugar, estão os adultos com idade entre 40 e 49 anos (13,8 milhões) e em terceiro os consumidores de 50 a 64 anos (12,7 milhões).