Michele Rolim
Há 20 anos, uma garagem de 40 metros quadrados no número 647 da rua Corte Real, em Porto Alegre, abrigava o embrião da Gravura Galeria de Arte. Hoje, com cerca de 200 metros quadrados em uma casa no mesmo endereço, o espaço está consolidado no cenário cultural gaúcho e comemora seus 20 anos de existência nesta sexta-feira, às 20h, com lançamento do livro Gravura Galeria - 20 anos de arte sobre a história da galeria, imagens das obras de 57 artistas e a relação de todas as quase 200 exposições realizadas.
Atualmente, Regina Galbinski Teitelbaum é a proprietária e administradora do espaço, que foi residência de sua família, os Galbinski. A galeria começou por incentivo de sua mãe Rosita, que disponibilizou a casa para realizar os planos das filhas, Regina e Renata (depois de 11 anos, partiu para um projeto particular), ambas arquitetas, a exemplo do tio José Galbinski.
As duas resolveram explorar o mercado de arte decorativa, especializada em gravura e arte sobre papel. "A ideia era democratizar a arte. A gravura atingia um tipo de cliente jovem sem acesso e que tinha medo de entrar em uma galeria. Por serem várias cópias, é possível ter obras de bons artistas com preços razoáveis", segundo Regina.
No início, uma pessoa foi fundamental: a artista Clara Pechansky, que auxiliou as duas proprietárias no relacionamento com público e artistas. Ela, considerada a "madrinha" da galeria, foi a primeira artista a realizar uma exposição individual em 1997. "Naquela época, a galeria se destinava somente a comercializar múltiplos, daí seu nome, mas aos poucos a Regina foi ampliando o raio de ação da galeria. Tenho a grande satisfação de ter sido convidada para realizar a primeira exposição de peças únicas - desenho e pintura. De lá para cá, sempre que a galeria completa um aniversário, sou chamada para fazer uma exposição", conta Clara.
Conforme Regina, com apenas dois anos, a Gravura recebeu uma demanda dos clientes para trabalhar com peças únicas, foi então que ela incorporou ao seu acervo pinturas, aquarelas e desenhos. Atualmente, há trabalhos em diversas técnicas, como esculturas e fotografias. "O mercado para as gravuras era bem restrito. Os arquitetos, nos últimos anos, voltaram a utilizar composições e estão apostando na fotografia com outras técnicas em papel como gravura e desenho", explica Regina - mesmo assim, a demanda maior é pelas pinturas.
Os principais clientes da galeria são arquitetos. A Gravura criou um plano de fidelidade, que presenteia os profissionais que mais utilizarem as obras de arte em seus projetos e em mostras de arquitetura e decoração.
Para Regina, apesar da crise, a galeria tem uma movimentação permanente, garantida também pelas exposições mensais, aquisições de novas obras e também pelas oficinas de arte que acontecem desde 2012 no Espaço Rosita Galbinski (homenagem à mãe, falecida em 2010). Hoje, a galeria conta com cerca de 100 artistas e uma filial em Atlântida desde 2004.
Além do lançamento do livro, produzido e coordenado por Regina, acontece a abertura da exposição coletiva Destaques dos 20 anos. Até o fim do ano, estão planejadas quatro mostras individuais com nomes significativos na trajetória do espaço cultural: Suzi Etchepare, Britto Velho, Paulo Amaral e Clara Pechansky.
Para o futuro, Regina almeja uma parceria com uma galeria de São Paulo, Rio de Janeiro ou Belo Horizonte, a fim de proporcionar um intercâmbio maior entre as obras e artistas e também com o exterior, como nos Estados Unidos.