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Conjuntura

- Publicada em 17 de Março de 2016 às 18:42

PIB pode fechar com queda histórica de 4%

 PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL HENRIQUE MEIRELLES_FOTO VALTER CAMPANATO_ABR

PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL HENRIQUE MEIRELLES_FOTO VALTER CAMPANATO_ABR


VALTER CAMPANATO/ABR/JC
O ex-presidente do Banco Central (BC) durante o governo Lula, Henrique Meirelles, acredita que o Brasil poderá encerrar 2016 com uma queda de até 4% no Produto Interno Bruto (PIB), atingindo a maior recessão da história após o resultado negativo no ano passado (-3,8%). Ao traçar cenários para a economia no longo prazo, Meirelles afirmou que, mantida a incerteza fiscal, o País terá crescimento baixo na próxima década, de 1% ao ano. Em um cenário com reformas, esse patamar poderia subir a 4% ao ano em média, afirmou em palestra no Rio de Janeiro, onde abriu a Super Expofood.
O ex-presidente do Banco Central (BC) durante o governo Lula, Henrique Meirelles, acredita que o Brasil poderá encerrar 2016 com uma queda de até 4% no Produto Interno Bruto (PIB), atingindo a maior recessão da história após o resultado negativo no ano passado (-3,8%). Ao traçar cenários para a economia no longo prazo, Meirelles afirmou que, mantida a incerteza fiscal, o País terá crescimento baixo na próxima década, de 1% ao ano. Em um cenário com reformas, esse patamar poderia subir a 4% ao ano em média, afirmou em palestra no Rio de Janeiro, onde abriu a Super Expofood.
Cotado para voltar ao governo, o ex-presidente do BC destacou que o alto nível de reservas internacionais acumulado nos últimos anos é muito importante e dá tempo ao governo para realizar o ajuste do setor externo, em sua opinião relativamente avançado com ajuda da depreciação cambial e a desaceleração da economia.
"Reservas são muito importantes e é muito positivo que o Brasil tenha acumulado essas reservas, que são um colchão de liquidez", disse. Nos últimos dias voltou à tona a possibilidade de o governo queimar reservas para abater a dívida do País. Na quarta-feira, contudo, a presidente Dilma Rousseff afirmou que elas não serão usadas a não ser para a proteção do País de flutuações internacionais. "É importante que o nível de reservas seja mantido", repetiu Meirelles.
As especulações em torno de um convite a Meirelles para voltar ao governo, no Banco Central ou até mesmo na Fazenda, cresceram com a notícia da chegada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto como ministro-chefe da Casa Civil (antes da liminar da Justiça Federal de Brasília que suspendeu sua posse nesta quinta-feira, logo após ser empossado no cargo pela presidente Dilma Rousseff).
O cenário de Meirelles para 2016 é de inflação persistentemente alta e retração econômica. O mercado prevê no boletim Focus uma queda de 3,7% no PIB, que na visão de Meirelles pode se aprofundar a 4%, levando em conta o carry over de 2015. "(a projeção) Já está com uma recessão grande e não podemos subestimar isso. Pode chegar a ser a maior recessão da história do Brasil", afirmou. "O desafio maior é porque existe de fato muita incerteza", completou.
O primeiro cenário traçado por Meirelles prevê a solução de "questões de curto prazo", mas sem preocupação com a questão fiscal, levando a um crescimento de apenas 1% ao ano em média na próxima década. O cenário básico, com ajuste fiscal, mas sem reformas, seria de crescimento de 2% ao ano. Para Meirelles, a única chance de elevar essa perspectiva a 4% ao ano é realizar reformas como a tributária e a previdenciária "no sentido de gerar mais eficiência trabalhista", o que é combatido por parte do PT. Ele defendeu ajustes em despesas como as vinculadas e previdenciárias como fundamentais para equilibrar a curva da dívida líquida do País e evitar que volte aos patamares de 2002, quando atingiu 60% do PIB.
Meirelles disse que o País vive um quadro de inflação elevada e resiliente, mas que não há problema estrutural que impeça a inflação de convergir para perto da meta. "(controlar) A inflação é um desafio. A boa notícia é que o Brasil já fez isso", disse.
O ex-presidente do BC afirmou que as expectativas de inflação em torno de 7,5% em 2016 são muito forte, principalmente levando em conta o cenário de paralisia na economia. "O Brasil é um dos poucos países no mundo que se preocupam com inflação em meio a uma recessão forte", disse. Em sua análise de longo prazo, ele destacou a escala de consumo, a inclusão da classe média e a estabilidade política medida pela força das instituições como vantagens do País frente a outros emergentes. O recado foi dado em um momento de queda de braço entre os poderes.

Empresas reduzem busca por crédito em mais de 12%

A demanda por crédito caiu 12,2% em fevereiro de 2016 em relação ao mesmo mês de 2015, sem ajuste sazonal. Porém, na comparação com janeiro deste ano, já levando em conta a sazonalidade, o dado mostra alta de 4,7%. Segundo a Serasa Experian.
Ainda houve declínio de 11,7% na demanda por crédito de empresas no primeiro bimestre ante igual período de 2015. Além da crise na economia, que vem elevando as incertezas, "o aumento nas taxas de juros dos empréstimos estão reduzindo a demanda por crédito das empresas", explica nota da Serasa. De acordo com a entidade, a maior retração na procura por crédito, de 21,8%, foi registrada nas médias empresas no segundo mês deste ano ante fevereiro de 2015. Em seguida, as grandes companhias apresentaram declínio de 18%, enquanto as micro e pequenas empresas tiveram retração de 11,6% na demanda por empréstimos.
Contudo, quando se avalia o dado na comparação mensal, a Serasa constatou alta na procura por crédito por micro e pequenas empresas (4,9%) e nas médias empresas (0,7%). Já as grandes empresas tiveram queda de 0,4% em relação a janeiro de 2016. Conforme a Serasa, todos os setores econômicos pesquisados apresentaram variações negativas na demanda por empréstimos por empresas em fevereiro ante o mesmo mês do ano passado.

FMI acompanha de perto o Brasil e vê problemas sérios na economia

O Brasil vive uma situação difícil e passa por dificuldades e problemas econômicos, afirmou nesta quinta-feira, um porta-voz do Fundo Monetário Internacional (FMI), destacando que a instituição está "monitorando de perto" os desdobramentos no País. A recomendação do FMI é de que o Brasil prossiga com a tentativa de consolidar as contas fiscais, de manter a inflação dentro da meta, reforçando a estrutura da política econômica.
"O Brasil está claramente passando por uma situação difícil e é essencial reforçar o arcabouço macroeconômico", afirmou o vice-diretor do departamento de Comunicação do FMI, William Murray. O porta-voz evitou comentar problemas específicos no cenário político do País. "Como uma questão de regras, não mergulhamos em desdobramentos políticos de nossos países membros", disse ele."
Murray disse que o FMI está "acompanhando de perto" os desdobramentos no Brasil, mas afirmou que até agora não houve discussões de qualquer pedido de ajuda financeira. Para o FMI, o reforço de políticas econômicas no País, como maior disciplina fiscal, pode conseguir reverter a piora dos índices de confiança e estimular o investimento.