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- Publicada em 16 de Março de 2016 às 13:18

A maior tragédia da aviação brasileira

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DIVULGAÇÃO/JC
Caso Varig - A história da maior tragédia da aviação brasileira (Editora Jaguatirica, 408 páginas), do comandante Marcelo Duarte Lins, 59 anos, carioca, bacharel em Ciências Aeronáuticas pela Academia da Força Aérea Brasileira no curso de Oficiais Aviadores em 1979, retrata o Caso Varig, processo judicial que se arrasta nos corredores do Judiciário e, ao mesmo tempo, segue arrastando as vidas de ex-funcionários, demitidos e aposentados que tiveram seus ideais aprisionados, seu futuro sem um voo certo e cujas vozes ainda ecoam em um vazio de respostas.
Caso Varig - A história da maior tragédia da aviação brasileira (Editora Jaguatirica, 408 páginas), do comandante Marcelo Duarte Lins, 59 anos, carioca, bacharel em Ciências Aeronáuticas pela Academia da Força Aérea Brasileira no curso de Oficiais Aviadores em 1979, retrata o Caso Varig, processo judicial que se arrasta nos corredores do Judiciário e, ao mesmo tempo, segue arrastando as vidas de ex-funcionários, demitidos e aposentados que tiveram seus ideais aprisionados, seu futuro sem um voo certo e cujas vozes ainda ecoam em um vazio de respostas.
Lins tem mais de 18 mil horas de voo em rotas no Brasil, América do Norte, Europa, Pacífico Norte e África, com jatos B727, B737-200, 300, 400, 700, 800 e B747. Depois da demissão da Varig esteve no Panamá, Hong Kong, Austrália e China. Escreveu muitos artigos sobre aviação e recebeu moção de louvor da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, por sua dedicação à aviação. Atualmente, voa em Angola.
Nesta caudalosa e bem fundamentada obra, o autor descortina com lucidez e lógica a verdadeira história por detrás da venda da Varig, sua falência, e a intervenção do Fundo de Pensão Complementar Aerus, que não cumpre o objetivo de proporcionar as garantias de proteção social e relata muito sobre a aviação brasileira.
Na orelha do livro está registrado: Caso Varig é um livro grave, o último clamor contra uma séria injustiça. Grave, pois traz em si o registro de uma era, a biografia de uma coletividade que expressou sua voz, mas que foi sufocada pela insensibilidade de tantos brasileiros e pela mão sempre invisível do mercado. O convite para que o leitor entre nessa história, feito pelo comandante Lins, é esse desejo que não morre, de que a voz dos ex-variguianos não se perca. Como dito por Loana Rios, "ler essa obra é ler sobre histórias de vidas, é reconhecer a desproteção do trabalhador, o desrespeito ao direito trabalhista, previdenciário e humano presente ainda nos dias atuais".
Num corajoso e minucioso registro de bordo que vai de 1999 a 2008, com anexos e depoimentos de muitos ex-funcionários e comandantes, o autor nos apresenta, possivelmente, a narrativa mais completa e detalhada sobre a tragédia que levou para sempre um dos maiores orgulhos brasileiros, uma empresa que brilhava em céus e terras de muitas partes do mundo, que deixou saudades e lembranças. Com base em peças de processos judiciais, farto material de imprensa e informações de ex-funcionários, o comandante Marcelo Duarte Lins conta uma história que certamente ninguém quer ver acontecer outra vez. E que, quem sabe, tenha outro final.

A velha senhora

Eu tinha sete anos, em 1961, quando Jânio da Silva Quadros assumiu a presidência da República com uma vassourinha, dizendo que ia varrer a corrupção, toda a sujeira da administração pública. "Varre, varre vassourinha..." a marchinha ainda está em nossos tímpanos. Depois de uns sete meses, umas ações políticas, uns filmes de cowboy e uns uísques, o Dr. Jânio renunciou. O general Golbery disse que faltou alguém para trancá-lo no banheiro...
Esses tempos, a presidente Dilma disse que a corrupção é uma velha senhora. Acho que sim. Ela deve ter vindo da Europa e desembarcado em Porto Seguro, anônima, junto com a galera do descobrimento. Depois de outras vidas, centenas de anos, os descendentes seguem por aí, mas agora os mecanismos de controle estão agindo.
Quando eu tinha 10 anos, a professora Adyles Ros de Souza, mestra inesquecível, amada, entrou na sala de aula nos primeiros dias de abril de 1964 e disse que tínhamos escapado do comunismo, que teríamos liberdade e desenvolvimento, que poderíamos escolher nossas profissões e caminhos. Ela estava de boa-fé, era uma pessoa maravilhosa, nem ela nem nós poderíamos saber o que vinha. A sala era modesta, numa escola de madeira que o Brizola mandou fazer em Bento Gonçalves, Interior gaúcho, cidade altamente abençoada por Deus e todos os santos.
Em 1967, quando eu estava no Julinho, participei de uma passeata na Borges com Andradas. Rasgaram e queimaram a bandeira dos Estados Unidos, protestamos na frente do consulado norte-americano - "abaixo o MEC-USAID! Mais pão, menos canhão!" A turma da Filosofia da Ufrgs agitava a massa, que foi para a Praça da Matriz - a Brigada Militar, também.
Nos anos 1970, no Direito da Ufrgs, a gente foi levando e até convidou o Josué Guimarães para falar lá. Ele foi, cauteloso. Quando perguntaram como ele via os militares naquele momento - por volta de 1976 -, ele deu um sorriso irônico e disse: com muito respeito, querido, com muito respeito, eu tenho cinco filhos em casa...
Em 1983, com 29 anos e coração de estudante, de noite, estava na frente da prefeitura de Porto Alegre, pedindo, com todas as torcidas, Diretas Já. O Dr. Dilamar Machado discursou: nunca houve tanta roubalheira neste País!
Tancredo never, Tancredo forever, Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula, Dilma... o coração de estudante segue batendo. O brasileiro, profissão-esperança, não se aposentou... o desejo de uma nova bossa nova ou de um filme novo continua. O show tem que continuar. Mario Quintana disse que nada entendia da questão social, que apenas fazia parte dela, simplesmente. Tom Jobim dizia que o Brasil não era para amadores. Está complicado entender este País, explicá-lo, refletir sobre ele, encontrar um rumo harmônico. Mas não podemos desistir de nós, do Brasil, do melhor para todos. Temos que conversar. Nem que a conversa vá das oito da noite ao meio-dia. De muitos dias. Temos que, ao menos, tentar educar e enquadrar os descendentes da velha senhora.

Lançamentos

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DIVULGAÇÃO/JC
Uma estranha na cidade (Dublinense, 144 páginas), da escritora e cronista Carol Bensimon, é seu primeiro livro de não ficção. Traz crônicas publicadas em jornais e reflexões publicadas em blogues sobre planejamento urbano, pessoas, espaço, viagens, tecnologia e outros temas bem atuais.
Capas de Santa Rosa (Ateliê Editorial/Edições Sesc, 288 páginas, R$ 118,00), do professor-doutor e escritor Luís Bueno, da UFPR, traz cerca de 300 capas de livros do artista, que marcam a história do livro e das artes visuais no Brasil, em especial quanto à literatura e à indústria editorial.
A mente do criador (É Realizações, 192 páginas, tradução de Gabriele Greggersen) da romancista, poeta, ensaísta e tradutora Dorothy L. Sayers, é um clássico sobre a linguagem e a natureza da arte e também sobre os fundamentos do cristianismo. A obra ressalta a importância da crítica criativa.

A propósito...

Não há mais Darcy Ribeiro, Sérgio Buarque de Hollanda, Caio Prado Júnior, Celso Furtado, Gilberto Freyre, Euclides da Cunha, Raymundo Faoro ou outros que tenham uma ideia geral, façam um estudo do Brasil como um todo. O Brasil já era continente, muitos Brasis. Agora, é muitos mais. Diversos. Todo mundo fala tudo ao mesmo tempo, alto, livre. Todo mundo reivindica. É bom, mas precisamos nos organizar. Dar, minimamente que seja, as mãos, para construir, democraticamente, uma nação. Não nos interessa a divisão deletéria, a violência entre irmãos e as soluções de força. Vários países no mundo chegaram lá sem guerras civis e revoluções. Nossa Senhora Aparecida, rogai por nós!