A retomada total da coleta domiciliar de lixo orgânico em Porto Alegre, na noite desta terça-feira, após quase 24 horas de paralisação dos trabalhadores da prestadora do serviço, acabou sendo interrompida por queixas de ameaças que uma equipe com veículos e garis teria sofrido no Centro Histórico. No começo da manhã desta quarta-feira (11), muitos locais podem ter lado a lado sacolas de lixo reciclável e o orgânico.
Pelo menos 15 caminhões haviam deixado a garagem da Belém Ambiental (BA) na zona Norte da Capital, após a Brigada Militar conseguir retirar um grupo que tentava impedir a saída, cumprindo ordem da Justiça do Trabalho.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, o episódio, que está sendo averiguado pela Guarda Municipal, acabou fazendo com que oito caminhões que faziam a coleta no Centro e bairros do entorno se dirigissem ao Largo Glênio Peres, retornando depois à garagem da empresa. A prestadora pretendia reavaliar o esquema de operação, junto com a Guarda Municipal para garantir segurança. A ameaça teria partido de homens em um carro e que estaria armados, segundo o relato dos garis.
A coleta com outros caminhões da BA continua em bairros como zona sul, com apoio de 15 veículos do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU). O uso da frota própria começou desde que estourou a paralisação, no fim da noite dessa segunda-feira (9). "A empresa estava montando novo plano ara saída dos caminhões, disse a assessoria.
Sobre a normalização do serviço, a previsão era um dia desde que fosse garantida a operação com 81 caminhões, que circulam divididos em duas frotas, de 12 horas cada.
A prefeitura voltou a esclarecer que a paralisação não ocorreu por atraso em repasses dos valores para a empresa. O valor de fevereiro, que deve ser pago até 30 dias após a emissão da nota pela prestadora, foi depositado em fim de março. Mas a empresa não chegou a quitar os salários dos 500 funcionários até o quinto dia útil. Somente nesta terça, após o protesto, é que houve a quitação. A BA alega que tem dificuldade de capital de giro e ainda que o retorno do pagamento uma vez ao mês pela prefeitura gerou mais problemas de dinheiro. Para pagar os vencimentos, a empresa teria buscado empréstimos em bancos.
A secretaria informou que, no quadro atual e ainda para contrapor quem culpou o município pelo problema, já foi paga a fatura de março, que foi entregue no dia 4 e teria prazo até o fim do mês para ser quitada. O valor mensal é de R$ 3,5 milhões. Além disso, a prefeitura só espera a normalização da coleta para tomar medidas, como a notificação da empresa. "Vai ter sanção, que pode chegar a R$ 900 mil", informa a assessoria de imprensa.
Outra medida em andamento é a abertura de procedimentos na central de licitações para lançar nova concorrência para fazer a coleta. A intenção é publicar e fazer a seleção ainda no primeiro semestre. Então sendo feitos estudos sobre o modelo e condições da licitação do lixo. Paralisação da coleta, como a que ocorreu nas últimas 24 horas e outros problemas, como GPS dos caminhões sem funcionar e que gerou multa em janeiro, podem estar entre as razões para abrir o novo procedimento. A BA está desde 2015 com o serviço, mas a revisão contratual pode ser feita anualmente, explicou a assessoria.