Depois de
protestarem contra as ações da prefeitura de Porto Alegre que apreenderam uma série de mercadorias de vendedores ambulantes do Centro Histórico nesta segunda (18) e terça-feira (19), um grupo de camelôs foi recebido no Paço Municipal pelos secretários de Segurança, Kléber Senisse, e de Desenvolvimento Econômico, Leandro de Lemos. O diálogo com o governo foi a condição aceita pelos manifestantes para desobstruir a Avenida Salgado Filho, bloqueada por volta do meio-dia de hoje.
A partir da reunião, que durou cerca de 45 minutos, não foi anunciada nenhuma medida imediata para resolver o impasse entre os vendedores e a prefeitura. Por outro lado, foi determinada a criação de um grupo de trabalho com representantes dos ambulantes e da prefeitura, que discutirá a regularização da atividade. A primeira reunião do grupo será na próxima sexta-feira (22), na secretaria de Desenvolvimento Econômico.
O secretário de Segurança disse que o objetivo da prefeitura é criar uma estratégia junto aos camelôs para “regularizar e fortalecer o comércio popular”, diferenciando-o do comércio ilegal. “Para o comércio ilegal, que trabalha com o crime e a contravenção, as ações vão continuar como as que foram feitas hoje”, garantiu.
Senisse afirmou ainda que a fase inicial do
Movimento Legalidade, que busca combater o comércio ilegal, teve um “excelente resultado” e negou que tenha havido excessos na abordagem aos camelôs. “Truculência é questão de ponto de vista. Por vezes, a força tem que ser mais ostensiva, mas não tivemos relatos de alguma lesão corporal ou algo mais grave”, declarou.
Contrapondo o otimismo do secretário, os ambulantes saíram da reunião pouco crentes de que a situação seja resolvida. “Não vamos trabalhar em paz e isso vai se arrastar por um bom tempo”, previu a vendedora de frutas Cristina Goulart, que trabalha na Avenida Borges de Medeiros. Assim como os colegas, ela garante que deve seguir comercializando os produtos, mesmo na irregularidade. “Eu vou continuar vendendo. Roubar eu não vou. Se tiver que trancar a rua mais uma vez, vou fazer tudo de novo, porque preciso trabalhar. É o único jeito que tenho para sustentar a família”, explicou.