Atualizada às 8h10min
A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta terça-feira, a Operação Tesouro Perdido, com vistas a cumprir mandado de busca e apreensão emitido pela 10ª Vara Federal de Brasília.
Após investigações decorrentes de dados coletados nas últimas fases da Operação Cui Bono, a PF chegou a um endereço em Salvador (BA), que seria, supostamente, utilizado pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) como "bunker" para armazenagem de dinheiro em espécie.
Durante as buscas, foi encontrada uma fortuna. Os valores apreendidos serão transportados a um banco onde serão depositados em conta judicial.
Até o fechamento da edição impressa do Jornal do Comércio, a Polícia Federal já havia contabilizado mais de R$ 40 milhões nas malas apreendidas no apartamento, que seria utilizado como "bunker" por Geddel. Na madrugada, a PF terminou a contagem dos valores e informou que foram apreendidos R$ 51.030.866,40. O dinheiro será depositado em uma conta judicial.
Na decisão em que autorizou a busca e apreensão no imóvel que seria o "bunker" do dinheiro de Geddel, o juiz Vallisney de Souza Oliveira destaca que a Polícia Federal foi informada sobre a existência do local por meio de uma ligação telefônica.
A busca no imóvel foi alvo da nova fase da Operação Cui Bonno, batizada de Tesouro Perdido. Na Cui Bonno, Geddel é investigado em razão de sua atuação enquanto vice-presidente de pessoa jurídica da Caixa Econômica Federal. Na busca, foram encontradas caixas e malas contendo grande quantidade de dinheiro vivo.
"De fato, as mencionadas informações policiais dão conta que o Núcleo de Inteligência da Polícia Federal teria tecido uma notícia por meio telefônico, no dia 14/07/2017, asseverando que no último semestre um apartamento do 2º andar do edifício José da Silva Azi estaria sendo utilizado por Geddel Vieira Lima para guardar caixas de documento", explica o despacho do juiz federal.
Após a informação dada por telefone, a PF fez um trabalho de pesquisa de campo com moradores do prédio, que confirmou que "uma pessoa teria feito uso do aludido imóvel para guardar pertences do pai". O trabalho de investigação na PF é conduzido pelo delegado Marlon Cajado.
Ainda em seu despacho, o juiz federal aponta que "há fundadas razões de que no supracitado imóvel existam elementos probatórios da prática dos crimes relacionados na manipulação de crédito e recursos realizada na Caixa".
Geddel foi preso em julho acusado de participar de esquema ilegal de liberação de recursos na Caixa. Ele foi vice-presidente do banco durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). No governo de Michel Temer (PMDB), Geddel foi ministro da Secretaria de Governo, responsável pela articulação política do Palácio com o Congresso, pela distribuição de cargos e de emendas parlamentares.
Desde 12 de julho, Geddel está em prisão domiciliar, sem o uso de tornozeleira eletrônica, por ordem do desembargador Ney Bello. Filiado ao PMDB, Geddel é próximo a Temer. O ex-ministro foi citado nas delações do empresário Joesley Batista e do operador financeiro Lúcio Funaro.