Depois da suspensão da exposição Queermuseu - Cartografias da diferença na arte brasileira, no Santander Cultural em Porto Alegre, um novo capítulo desponta envolvendo a temática de gênero e desta fez no teatro. Peça que estará em cartaz na Capital nesta quinta (21) e sexta-feira (22) e que tem um travesti no papel de Jesus Cristo teve apresentação suspensa pela Justiça em Jundiaí, interior de São Paulo. Isso ocorreu na sexta-feira passada. Já há ações na Justiça também na Capital para tentar barrar as sessões.
A peça O evangelho segundo Jesus, Rainha do céu desponta como atração no Porto Alegre em Cena, um dos maiores festivais de teatro do País. Protagonizada pela atriz Renata da Silva Carvalho Franzoni, a montagem faz uma releitura de passagens da Bíblia focando em temas urgentes, como opressão e preconceito. Os ingressos que custavam R$ 80,00 estão esgotados. A peça será apresentada na Pinacoteca Ruben Berta, que fica na rua Duque de Caxias, 973, no Centro Histórico de Porto Alegre.
Na sexta-feira (22), Renata Carvalho estará em um debate sobre o movimento trans nos palcos, às 15h, no Centro Municipal de Cultura, na avenida Erico Verissimo, 307.
A edição da mostra de teatro traz este anos outras peças com temas com pano de fundo religioso, não apenas com foco transgênero, mas que polemizam o assunto. No fim de semana, foi
exibida Génesis 6, 6-7. O
testamento de Maria entra em cartaz nesta terça e quarta no teatro do Centro Histórico-Cultural Santa Casa, na avenida Independência, 75.
Após a suspensão da Queer, o curador Gaudêncio Fidélis lançou um questionamento, em
entrevista ao Jornal do Comércio em vídeo ao colunista Ivan Mattos: "Qual é o precedente que isto nos cria daqui para frente?" Assista
aqui ao vídeo.
Inquérito do MP vai avaliar violação em Queermuseu
Ainda sobre a Queermuseu, que foi alvo de manifestações contrárias puxadas pelo Movimento Brasil Livre (MBL) sob acusação de usar a arte para incentivar pedofilia e zoofilia, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS)
instaurou expediente investigatório para apurar eventuais violações de normas de proteção à infância e à juventude.
O promotor Júlio Almeida quer verificar uma eventual inadequação no acesso de crianças e adolescentes à mostra, criticada por supostamente apresentar imagens alusivas a crimes sexuais e vilipêndio a símbolos religiosos. No documento, Almeida frisou ter convicção de que não há crime de pedofilia nas obras. "Desde logo, afasto, dessas imagens por si, o aspecto de pedofilia, eis que não contém criança ou adolescente na cena captada ou produzida", diz o texto do expediente investigatório.