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Economia

- Publicada em 27 de Julho de 2017 às 14:08

Especialista mostra o poder da música para a economia gaúcha

Núñez mapeou o tamanho da cadeia da música no Estado, que soma mais de 4 mil empresas

Núñez mapeou o tamanho da cadeia da música no Estado, que soma mais de 4 mil empresas


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Patrícia Comunello
A música é um dos segmentos mais significativos da chamada economia criativa. Mas está sendo subestimada em seu potencial de gerar negócios, renda e diversificação, inclusive em meio à crise. O alerta é feito pelo cientista político e analista da Fundação de Economia e Estatística (FEE) Tarson Núñez, em entrevista ao boletim Da Redação, do Jornal do Comércio. A empreendedora do setor e CEO da Marquise 51, um hub de música, Mari Martinez, segue a mesma trilha.   
A música é um dos segmentos mais significativos da chamada economia criativa. Mas está sendo subestimada em seu potencial de gerar negócios, renda e diversificação, inclusive em meio à crise. O alerta é feito pelo cientista político e analista da Fundação de Economia e Estatística (FEE) Tarson Núñez, em entrevista ao boletim Da Redação, do Jornal do Comércio. A empreendedora do setor e CEO da Marquise 51, um hub de música, Mari Martinez, segue a mesma trilha.   
> Assista ao bate-papo com Núñez e Mari no webvídeo Da Redação:
Núñez divulgou recentemente um mapeamento da economia ligada à música, e sua cadeia produtiva - que vai do músico, que é a face mais visível, ao produtos, fabricante de instrumentos, a gravadora, o técnico de som e até a van que faz o deslocamento de uma banda para cumprir shows. "A economia criativa movimenta no Brasil R$ 380 bilhões ao ano e vai de design, audiovisual, mídias sociais à música, que é um dos setores mais relevantes, mas acaba ficando mais associada ao lazer e à cultura", atenta o cientista político.
"São quase 4 mil empresas registradas somente no Rio Grande do Sul, entre selos musicais, gravadoras, casas de espetáculo e impacta desde moda, turismo e festas e que geram mais de 16 mil empresas e um faturamento de R$ 240 milhões. "Isso se refere apenas a uma parte do mercado real, uma vez que no âmbito da música, mais do que em outras atividades da chamada economia criativa, o grau de informalidade das atividades é muito alto", atenta o autor do estudo.  
Mari Martinez destaca que é uma cadeia produtiva muito forte pela diversidade e potencial. "Nosso projeto, por exemplo, gera 11 empregos diretos, mas atuamos com 11 bandas, cada uma tem, em média, cinco pessoas, e elas fazem shows, mobilizam motorista, o técnico do som. Ao final, a Marquise envolve mais de 100 pessoas, desde a organização ao mercado da musica", contabiliza a produtora.
Um dos quesitos que mais impacta o setor é a revolução tecnológica, que afetou o modelo de gravadoras, inseriu a digitalização, os downloads de música e os aplicativos, como o Spotify e a Superplayer, que nasceu no Rio Grande do Sul. Núñez cita que a ApexBrasil lançou iniciativa recente para internacionalização da produção. Mas o que preocupa pessoas como Mari é a carência de estímulos e até maior organização em nível local. Ela cita o fim do Funproarte, que repassava recursos a produções e iniciativas que envolviam jovens e até escolas.
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"É preciso ver o alcance para a juventude e a educação. Há ainda uma visão atrasada para o que o setor representa", adverte a CEO da Marquise (foto). As carências são registradas no setor público, cujo apoio é estratégico para viabilizar muitos projetos. "Falta uma política pública", critica. Mari cita o conceito de tríplice hélice - governo, empresas e universidade - como mecanismo para promover ambiente mais favorável à inovação e à geração de iniciativas e valor.   
"Música não pode ser encarada só como atividade cultural, mas também como atividade desenvolvimento econômico. As duas devem estar fundidas e em todas as esferas de governos", projeta o cientista político. Um dos itens essenciais, destacam os dois entrevistados. é a profissionalização do artista para que ele "viva do seu trabalho". É comum a condição de "sobrevivência"de quem atua no segmento. "Nós atuamos muito para capacitar o mercado e melhorar a articulação", acrescenta Mari, que convida os interessados a conhecer o projeto do Marquise 51.
Núñez cita exemplos tanto do Brasil como do exterior que deveriam servir de inspiração ao setor público e empreendedores gaúchos. Ele lembra que o ex-primeiro-ministro inglês Tony Blair dizia que a Inglaterra ganha mais dinheiro com rock-in-roll do que com carvão. Além disso, a indústria do audiovisual da Califórnia lidera na geração de receitas. Na edição de 2017 do Festival Lollapaloosa, em São Paulo, computou que cada turista gastos, em médica, R$ 5,9 mil, o que resultou em mai de R$ 90 milhões para a economia da capital paulista. 
Outro aspecto dessa indústria e da própria economia criativa é que são atividades que mantêm crescimento, mesmo em meio a um ciclo de sequência de crise - seja a de 2008, na área financeira e que se pulverizou pelo mundo - ou a do Brasil, imerso em recessão. "As atividades de economia criativa crescem em meio a essa turbulência. Ou seja, mostram que são um caminho para neutralizar a crise em vez de ficarmos focados apenas em setores tradicionais", arremata o analista da FEE.
Tentando dimensionar o impacto na economia regional, o cientista político fez uma projeção com base no PIB gaúcho, de R$ 331 bilhões. Ele projetou que os gastos com atividades culturais são da ordem de R$ 9,6 bilhões por ano, sendo que 6,9% se refere a consumo de música. "O mercado da música movimenta, anualmente, pelo menos R$ 660 milhões no Estado", calcula. A íntegra do texto O mercado da música e o seu significado para a economia do Rio Grande do Sul, de Núñez, está na Carta de Conjuntura de julho da FEE.
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