O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em dois mandatos (1995-1998 e 1999-2002) propôs que o atual presidente Michel Temer encurte seu mandato. Ao analisar o ambiente político-institucional do País, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (26), FHC, ligado ao PSDB, considera que a melhor saída na conjuntura é Temer apresentar emenda prevendo eleições.
A manifestação de Fernando Henrique ocorre um dia antes de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciar o presidente por correpção passiva devido ao teor de gravações de conversa com o empresário e dono do grupo JBS, Joesley Batista. FHC admite que o "dia a dia do governo se tornou difícil".
"Qualquer tentativa de emenda para interromper um mandato externa à decisão presidencial soará como um golpe", diz FHC no extenso artigo. Ele critica a saída de quem defende as eleições diretas. Nos argumentos, o ex-presidente fala que uma reforma política, caso seja viabilizada, pode alterar a regra para mandato de cinco anos em reeleição. Neste tópico, Fernando Henrique cogita que a reforma pode antecipar também as eleições congressuais. "Assim se poderia criar um novo clima político no País", defende.
"Apelo, portanto ao presidente, para que medite sobre a oportunidade de um gesto dessa grandeza, com o qual ganhará a anuência da sociedade para conduzir a reforma política e presidir as novas eleições", diz o autor, já no desfecho do texto. Em um dos trechos, FHC admite que apoiou o governo Temer, e comparou a fragilidade à situação de Itamar Franco, nos anos de 1990, após o impechment de Fernando Collor de Mello , em 1992. O ex-presidente observa que o "apoio da sociedade e o consentimento popular ao governo se diluem em questões morais justa ou injustamente levantadas nas investigações e difundidas pela mídia convencional e social". No Congresso Nacional,
a posição de FHC teve repercussão imediata.