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Japoneses vão dar apoio técnico à recuperação de 15 lagoas gaúchas
Comitiva visitou o Lago Biwa na província de Shiga e busca acordos para área ambiental
Luiz Chaves/Palácio Piratini/Divulgação/JC
Guilherme Kolling
O quarto e último dia de agenda de visitas do governo do Estado ao Japão foi repleto de simbolismos. A delegação deixou Hamamatsu pela manhã e tomou um trem bala rumo a Kyoto, cidade conhecida mundialmente pelo famoso protocolo sobre as mudanças climáticas assinado em 1997, ou seja, há 20 anos. O tratado define índices para os países reduzirem as emissões atmosféricas que provocam o efeito estufa.
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O quarto e último dia de agenda de visitas do governo do Estado ao Japão foi repleto de simbolismos. A delegação deixou Hamamatsu pela manhã e tomou um trem bala rumo a Kyoto, cidade conhecida mundialmente pelo famoso protocolo sobre as mudanças climáticas assinado em 1997, ou seja, há 20 anos. O tratado define índices para os países reduzirem as emissões atmosféricas que provocam o efeito estufa.
Outra coincidência foi o fato de a agenda ocorrer em meio à Semana do Meio Ambiente. Mas Kyoto foi apenas um ponto de passagem. O roteiro do dia foi todo concentrado na Província de Shiga, que tem uma relação de irmandade com o Rio Grande do Sul desde 1980. O interessante é que esses laços se estabeleceram a partir da observação de que a Lagoa dos Patos e o Lago Biwa são muito semelhantes.
Pois a delegação gaúcha foi recebida pelo governo local para estreitar laços e apresentar um projeto de recuperação das lagoas do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, inspirado na experiência de Shiga com o Lago Biwa, o maior do Japão e que passou por um grande processo de despoluição. No Estado, o trabalho será em 15 lagoas da bacia hidrográfica do Rio Tramandaí - entre as maiores, a dos Quadros e a Itapeva.
A delegação gaúcha fez uma visita técnica ao Centro de Estudos Ambientais do Lago Biwa, seguida de passeio de barco para observação do ambiente local, bem como da forma como é feita coleta de material e a análise para o monitoramento. Depois disso, a secretária estadual do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Ana Pellini, apresentou o projeto para recuperar a qualidade da água nas lagoas do Litoral Norte gaúcho, acima da Lagoa dos Patos até o rio Mampituba, em Torres. Na plateia, técnicos ambientais de Shiga e da JICA (Agência Japonesa de Cooperação Internacional).
Ao final da palestra da secretária do Ambiente, o diretor de Turismo e Relações Internacionais da Província de Shiga, Tadao Nishikawa, recebeu do governador José Ivo Sartori e de Ana Pellini uma pasta com o projeto gaúcho. Nishikawa demonstrou entusiasmo, disse que leria a proposta com muita atenção e informou que entregaria o documento ao governador da Província de Shiga, para uma análise.
Entretanto, a agenda seguinte de Sartori - a última da missão ao Japão no final da tarde desta quinta-feira, era exatamente com o governador Taizo Mizazuki. Depois das tradicionais conversas protocolares, troca de presentes e de gentilezas, em um salão que ostentava as bandeiras de Brasil e Japão, os dois trocaram impressões sobre o Lago Biwa. Foi a deixa para que o governador gaúcho citasse o projeto e fizesse o pedido:
"Esperamos contar com o seu apoio para poder fazer a recuperação das nossas lagoas". Mizazuki respondeu com alegria. "Com muito prazer vamos ajudar na preservação das águas do Rio Grande do Sul".
Com a decisão política tomada, o governador de Shiga adiantou que irá convocar um grupo de trabalho para analisar o projeto gaúcho e ver exatamente como poderá ajudar e de que forma a experiência do Lago Biwa pode ser repassada. Uma ideia que imediatamente surgiu foi o intercâmbio técnico.
"Mais do que a tecnologia, será fundamental ver como envolver a comunidade", observou Ana Pellini. O trabalho de recuperação será liderado por técnicos da equipe no Litoral Norte da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).
Quando o diagnóstico completo da situação das lagoas estiver pronto e as ações para despoluí-las forem definidas, um segundo passo pode ser o pedido de financiamento do projeto pela JICA e também pela Agência Nacional de Águas (ANA). Se vierem recursos da agência japonesa, a participação da comunidade é pré-requisito. Por isso, já está acertado que o projeto terá a participação da organização não governamental Ação Nascente, de Maquiné.
De qualquer forma, já se sabe que a poluição que degrada as lagoas gaúchas tem fontes muito parecidas com a que afetou o Lago Biwa nos anos 1960 e 70: esgoto doméstico e agrotóxicos levados na água da irrigação de lavouras de arroz. No caso nipônico, que começou o processo de despoluição nos anos 1980, também havia despejos de efluentes industriais.