Em uma sala de 27 metros quadrados, num prédio comercial do bairro Floresta, em Porto Alegre, prateleiras são compostas por produtos de limpeza, maquiagem, shampoos, chocolates, sal, alimentos congelados e imitações de mortadelas. Ou seja, é um mercado como qualquer outro. O diferencial do Delivery Veg está no fato de que tudo é vegano (de origem não animal).
A proprietária do espaço, Taís Duranti Pereira, 42 anos, diz que é o primeiro da cidade neste estilo. "Abrimos a loja pensando em atender um público que tinha a mesma carência que nós", explica ela, vegana há oito anos. A operação funciona de segunda a sexta-feira, apenas à tarde, até as 19h. Esporadicamente, para atender quem mora no Interior do Estado, abre aos sábados.
O negócio começou em 2014, com um investimento de R$ 25 mil. Taís, que é jornalista, e o marido, Márcio Brufatto, 34, profissional de Tecnologia da Informação (TI), largaram seus empregos e deram o pontapé na empresa em casa mesmo, com telentrega. A partir do aumento da procura, o Delivery ganhou endereço próprio em julho passado, na rua Doutor Timóteo, 371/301.
Recentemente, com a entrada de um novo queijo vegetal ao portfólio de 200 outros produtos, o interesse dos gaúchos ficou evidente. "Vendemos as 100 unidades em três horas", dimensiona Taís.
O perfil dos clientes do mercado é bastante específico: 50% deles são veganos; 25%, alérgicos; e 25%, curiosos. Além disso, a Delivery Veg se coloca como uma fornecedora de supérfluos também. Isso quer dizer que os consumidores encontram ali itens que entram na categoria de junk food. "A pessoa pode ser vegana e natureba, mas isso não é um imperativo", ressalta Taís, mostrando opções de reproduções de hambúrgueres, coxinhas de aniversário, salsichas, requeijão e peças para preparação de churrasco vegano.
O estoque do Delivery é abastecido com fornecedores de São Paulo, Curitiba, Florianópolis, Estados Unidos, Europa e de produtores locais - esses últimos representam cerca de 50% do total.
O que incrementa o movimento também é a visão estratégica na administração da empresa. Mensalmente, é promovida uma feira vegana no Studio Q (Doutor Timóteo, 395), com mais de 30 expositores. A próxima será no dia 10 de dezembro, das 18h às 22h. Taís acredita que, um dia, grandes supermercados vão querer entrar no nicho em que ela foi pioneira no Rio Grande do Sul. E, apesar desse risco, seu espírito ativista fala mais alto. "Prefiro que o mundo vire vegano, mesmo que eu feche minha loja", garante.
Para fazer tudo sem sair do bairro
O Super Kan, que tem três lojas - todas no bairro Restinga, em Porto Alegre -, aposta no potencial do consumidor que quer "resolver a vida" no próprio bairro. A soma das unidades resulta em uma estrutura de 10 mil m².
A sede fica na avenida Nilo Wulff, nº 970, e as filiais, na João Antônio da Silveira, nº 1.795, e na Edgar Pires de Castro, nº 1.545. O negócio começou a funcionar há 32 anos, no endereço da matriz, em um ambiente de 20 m². Hoje, são 2 mil m².
Inicialmente, era uma lancheria, surgida da venda da motocicleta do proprietário Marcos dos Santos, 53 anos. Após algum tempo, o empreendedor resolveu reformar o local e transformá-lo em açougue. Somente mais tarde virou minimercado.
O terreno, que já pertencia à sua família, abrigava casa e negócio, que se expandia a cada dia. O resultado foi tão positivo que Marcos comprou alguns terrenos vizinhos. Uma década e meia após a largada na empreitada, ele renovou a operação, na época chamada de Mercado Santos.
Até que, por uma sugestão de um arquiteto que foi à Austrália, trocou o nome para Super Kan - cujo símbolo é um canguru. Mesmo que continue expandido sua atuação, a intenção é não sair da Restinga. "Eu aposto muito no bairro. Tudo o que eu adquiri foi aqui. Quero dar o retorno para a comunidade, gerar mais empregos, contribuir para o crescimento", avisa, indicando que cerca de 95% dos funcionários são moradores locais. Para o futuro, o empresário pretende abrir um centro comercial na Restinga.
Para conquistar quem não tem tempo de ir ao super
Um mercado em Porto Alegre atende às necessidades de quem não tem tempo para passear pelos corredores cheios de produtos. O Gurvam é considerado o primeiro 100% on-line da cidade.
As operações se iniciaram há três meses, mas a ideia é de longa data. Depois de muitas reuniões e discussões sobre o que fazer para empreender, Bianca Costa, 25 anos, formada em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), William Muller, 27, e Patrick Rossano, 27, ambos formados em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), decidiram criar a solução.
As entregas atendem a 29 bairros da Capital, com pedidos feitos pelo site www.gurvam.com.br.
"Trouxemos várias inspirações de negócio, e a que mais nos chamou atenção foi o supermercado on-line, por olhar exemplos interessantes no exterior e por necessidade própria", aponta Bianca. O investimento necessário para tirar os planos do papel é bancado, integralmente, pelos três.
Além do site, eles compraram uma van, uniformes, alugaram um imóvel no bairro Petrópolis, que serve como estoque, e adquiriram os produtos.
A proposta vem sendo aprimorada há 2,5 anos, conta Bianca. O projeto dos três sócios participou, inclusive, do Startup Garagem, da Pucrs. Essa foi mais uma forma de evoluí-lo. Mas o desenvolvimento do dia a dia é que o molda de forma decisiva. "A cada compra nova, surge um desafio, e a gente consegue se adaptar", frisa.
O atendimento direto com o cliente acontece no momento da entrega. Aí é a hora de trabalhar outro diferencial: os próprios sócios a realizam. "Nós chegamos na casa do cliente e, se ele quiser que a gente coloque as coisas na cozinha dele, a gente vai levar até lá", exemplifica Bianca, deixando claro que não é apenas a redução de custos que os levou a essa prática, mas a preocupação pelo processo de conquista.
O site, que conta com mais de 1,5 mil opções de itens, inclui uma lista de sugestões (que tal uma noite com vinhos e queijos?) e receitas (prefere uma lasanha fit?). Tudo para estimular que o carrinho virtual encha.